Epidemiologia das perturbações do comportamento alimentar em Portugal: Prevalência, incidência, factores de risco e utilização dos serviços

O objectivo dos estudos epidemiológicos é fornecer dados estatísticos relativamente à extensão da morbilidade (e.g., Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa, ou outros comportamentos perturbados como a restrição alimentar) na população e relacionar estes dados com as características do ambiente e da população (e.g., idade, sexo, classe social, ou atitudes pessoais), no sentido de detectar associações entre possíveis factores de causalidade. Os estudos em duas fases, são caracterizados em termos metodológicos pela detecção de casos clínicos em duas fases ou momentos. Na primeira fase do estudo, é utilizado um instrumento ou questionário que permite identificar a população em risco, isto é, a população que apresenta um resultado, que é superior ao ponto de corte no referido questionário ou instrumento. A segunda fase, consiste numa entrevista clínica semi-estruturada com a população em risco, detectada na primeira fase, e com uma amostra aleatória de indivíduos que apresentaram valores inferiores ao ponto de corte, no sentido de confirmar os casos detectados. Este trabalho teve como principal objectivo conduzir o primeiro estudo epidemiológico em duas fases das PCA alguma vez realizado em Portugal. Para o efeito, foi seleccionada uma amostra representativa de mulheres através do sistema escolar. Por forma a seleccionar as escolas que iriam participar neste projecto, os distritos foram agregados de acordo com as regiões Norte, Centro e Sul de Portugal contemplando regiões urbanas e não urbanas. A selecção foi realizada em duas fases: primeiro foram seleccionados os distritos e posteriormente as escolas. Por sua vez, os distritos e os concelhos foram equitativamente seleccionados considerando o número de escolas e população. As escolas foram posteriormente seleccionadas de forma aleatória. A amostra foi criada por forma a obter aproximadamente 2,500 mulheres nas idades alvo de modo a calcular posteriormente a prevalência das PCA entre estudantes Portuguesas. Assim, participaram na primeira fase do estudo, 2028 participantes respondendo ao Exame das Perturbações Alimentares, versão Questionário (Eating Disorder Examination-Questionnaire, EDE-Q, 4th edition Fairburn & Beglin, 1994). Na segunda fase do estudo foi utilizado o Exame das Perturbações Alimentares (Eating Disorder Examination (EDE, 12th edition, Fairburn & Cooper, 1993) por forma a confirmar as PCA sinalizadas na primeira fase do estudo.

Financiamento: Fundação para a Ciência e Tecnologia  – € 98.423,00

FCT/PTDC/PSI-PCL/099981/2008

Duração: Abril 2010 – Setembro de 2013